A pressão alta emocional atinge milhares de pessoas que sofrem com estresse no trabalho e na vida cotidiana e traz desdobramentos sérios na saúde da população, mas existem meios para controlá-la.
O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking de países mais afetados pelo estresse, segundo a OMS. Esses são dados que geram uma grande preocupação sobre como os brasileiros estão levando as tarefas de uma vida moderna, que traz inúmeros desafios e cobranças, aos quais o nosso organismo não está adaptado.
Veremos a seguir como esses fatores estão relacionados aos sintomas de hipertensão.
A grande quantidade de informações e demandas exigem de nosso cérebro um desempenho que foge ao seu objetivo inicial de sobrevivência primitiva. Esse novo ambiente é exaustivo e pode danificar a saúde mental, ainda mais porque as exigências, muitas vezes, não são compatíveis com um desempenho natural.
Devido às cobranças, existe a necessidade de maiores cargas de esforço mental, e maior tempo dedicado a uma tarefa cansativa. A frustração, quando as tarefas não são atingidas com êxito, gera um efeito somático no organismo humano e se torna um fator o preditor para doenças crônicas não transmissíveis, como é o caso da hipertensão.
Nos dias de hoje, a palavra estresse tem uma conotação negativa, contudo, o estresse foi ao longo de milhares de anos um componente gerador da evolução e adaptação humana. A necessidade de lutar ou fugir frente a uma adversidade é a resposta à percepção do estresse. Por definição, ele gera uma adaptação que seria o “estresse bom”, visto como provocador de superação aos desafios.
Porém, em situações onde o estresse segue padrões não previsíveis e que não podem ser evitados e nem solucionados, a sensação de estar em um “beco sem saída" gera frustração e emoções danosas à saúde. Isso também é conhecido como “distress”, que é o estresse crônico.
O eixo relacionado à resposta de situações como a mencionada anteriormente é o hipotálamo - hipófise - adrenal. Através de mediadores chamados de catecolaminas que ativam o sistema nervoso central, principalmente o simpático, leva ao aumento do débito cardíacos, entre outras respostas.
Devido ao estímulo do sistema cardiovascular, a expressão dos receptores beta aumenta de maneira deletéria para a saúde, pois causa disfunções em um sistema que encontrava-se em homeostase (condição estável em que um organismo deve permanecer para realizar suas funções adequadamente).
Com este estímulo constante, as doenças surgem e a pessoa começa a apresentar sintomas de hipertensão.
A hipertensão é uma doença séria. No Brasil, 388 pessoas morrem por dia por hipertensão segundo o Ministério da Saúde e o estresse surge como um desencadeador da doença, ao lado do sedentarismo, do tabagismo e da obesidade.
A pressão alta emocional é um fator de risco para doenças cardíacas, comprovadamente relacionada com esses temas abordados.
Vale lembrar que fatores estressores de origem emocional não se limitam às frustrações em um emprego ou relacionamento, existem ocasiões na vida como acidentes ou perda de alguém próximo que geram traumas e podem somatizar em doenças cardíacas.
Contudo, existem mecanismos para driblar as frustrações e os danos causados pelo estresse, de maneira que não venham gerar doenças tanto no corpo como na mente como quadros depressivos e distúrbios de ansiedade.
Manter as funções básicas da sobrevivência humana pode parecer algo superficial, mas, ao pensarmos que o nosso corpo demorou alguns milhões de anos para se adaptar ao estágio de funcionamento que conhecemos hoje, isso cria um entendimento sobre o quanto devemos respeitar esse processo.
De fato, manter esses padrões aos quais evoluímos estão dentro das necessidades para uma saúde adequada e isso é respaldado em muitas pesquisas científicas, tanto no meio da saúde mental quanto da fisiologia. Alguns hábitos, porém, podem ajudar a diminuir esse estresse emocional.
A percepção de luz/dia e escuro/noite libera hormônios que nos induzem a focar ou relaxar. À essa percepção dá-se o nome de ciclo circadiano, e mantê-lo ajustado com boas horas de sono é essencial.
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Além da liberação hormonal, como de endorfinas que combatem a depressão, o cansaço físico após a prática de exercícios ajuda a ter um sono em todo o seu ciclo, além de prevenir doenças como as cardíacas.
Cuidar da alimentação com a ingestão calórica adequada e suprindo as necessidades de vitaminas e minerais necessários para que o corpo funcione bem é algo fundamental, sem o qual não podemos exigir que o organismo trabalhe em seu melhor desempenho.
Muitas das frustrações do estresse são decorrentes de atividades não realizadas. Ao ter uma organização no trabalho, mantendo uma rotina de horários, o cérebro cria um ambiente no qual pode trabalhar sem preocupações periféricas e aumenta a chance de êxito nas atividades.
Fazer alguma atividade que te traga alegria como tocar um instrumento musical, dançar, ler um literatura agradável, aprender algo novo, participar de trabalho voluntário e de oficinas, ajuda muito a distrair a mente dos problemas porque foca sua atenção no presente e afasta a ansiedade, trazendo satisfação e novas conexões ao cérebro.
Seguindo os hábitos citados acima, a pressão arterial emocional e todas as outras doenças crônicas não transmissíveis ganham melhora expressiva. Além disso, o ideal é se consultar com um médico, pois uma equipe habilitada ajuda a combater problemas de saúde direcionando o tratamento para suprir suas necessidades. Melhorar a pressão arterial emocional é possível, ter uma vida com saúde é direito de todos.
Se você tem receio de incluir os remédios industrializados para pressão alta na sua rotina, as fórmulas manipuladas podem ser uma ótima opção para você. Com os ativos e as dosagens certas para o seu problema, elas oferecem um tratamento personalizado e muito mais eficiente. Converse com o seu médico para entender como incluir medicamentos manipulados na sua rotina.
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Faixa etária 19 à 24 anos - Sexo femino: 120/79 mmHg | Sexo masculino: 120/79 mmHg
Faixa etária 30 à 49 anos - Sexo femino: 12/8 mmHg | Sexo masculino: 12/8 mmHg
Faixa etária 50 à 55 anos - Sexo femino: 129/85 mmHg | Sexo masculino: 128/85 mmHg
Faixa etária 56 à 59 anos - Sexo femino: 13/86 mmHg | Sexo masculino: 13/87 mmHg
Faixa etária 60 anos ou mais - Sexo femino: 134/84 mmHg | Sexo masculino: 135/88 mmHg
Biomédica habilitada em Análises Clínicas, Pós Graduada em Auditoria dos Serviços da Saúde, mestranda no Programa Interdisciplinar em Ciências da Saúde da Unifesp. Atualmente trabalha nas pesquisas do BEST- Laboratório de Biologia do Estresse.