O licopeno é um carotenoide que possui em nosso organismo efeitos antioxidante, esse carotenoide está presente em alimentos como as frutas, vegetais vermelhos e amarelos. Os alimentos que contém esse composto bioativo é a goiaba vermelha, melancia, mamão, cenoura e tomate principalmente na forma de molho. Ao consumir os alimentos que possuem em sua composição o licopeno ocorre um processo de combate aos radicais livres que são os causadores de danos no DNA. Quando há desequilíbrio no organismo e os radicais livres se sobressaem e não são eliminados adequadamente, eles podem contribuir para o surgimento de uma série de patologias. Estudos com o licopeno tem sido promissor no câncer de próstata em homens através da supressão e interrupção do ciclo celular e a apoptose em células de câncer de próstata, através da modulação de vias de sinalização que atuam na prevenção do câncer. O consumo de tomate na forma de pasta de tomate tem sido a melhor forma de aproveitamento do licopeno.
Para as pessoas que apresentam dificuldade de introduzir as pastas de tomate em seu dia a dia ou alimentos fontes há a possibilidade de realizar a manipulação do licopeno em farmácias de manipulação com a dose indicada por um profissional capacitado. As doses geralmente são de 5 a 30mg desse princípio ativo, que está associado a diversas funções no organismo não só no câncer de próstata, mas como anti-inflamatória e antioxidante. O licopeno age em algumas vias como, IL-6 (interleucina 6), TNF-α (fator de necrose tumoral alfa) além da supressão de NF-κB e JNK reduzindo assim a inflamação e atuando na prevenção de certas doenças desencadeadas por esses mecanismos.
Um estudo realizado recentemente para avaliar o efeito de um extrato combinado de Ganoderma lucidum, licopeno, sulforafano, geléia real e resveratrol sobre os efeitos anti-inflamatórios na covid-19 em pacientes com a forma leve da Covid-19, mostrou efeito promissor dessa combinação de extrato na redução do estresse oxidativo e nos níveis de IL-6, IL-8 e TNF- α auxiliando dessa forma na minimização dos efeitos deletérios causados pela doença. Esses compostos promovem ação justamente na cascata da inflamação inibindo de certa forma o seu progresso e evitando as complicações que poderiam ser desencadeadas caso as estratégias não fossem seguidas. O tratamento médico juntamente com a utilização desses compostos podem ser um grande aliado na saúde o que demanda muitos estudos e de forma contínua para avaliar seus benefícios sobre o organismo e sua potencial forma de ação.
Durante o processo de mastigação de alimentos fonte de licopeno ocorre a sua liberação e no estomago ocorre a ação da lipase gástrica. Após esse processo vai para o duodeno onde os sais biliares regem com a lipase pancreática e após esse mecanismo entra na corrente sanguínea através de difusão passiva e é transportada para o plasma usando a lipoproteína de baixa densidade ( LDL) como transportador e todo esse processo de ingestão e excreção pode levar de 2 a 3 dias. O fígado é o órgão importante para o armazenamento do licopeno que é distribuído através do sistema circulatório e se acumula em alguns órgãos como testículos, próstata, pulmões, colón e glândulas mamárias.
O licopeno possui ação na redução da inflamação por meio da inibição ou redução de vias que estão ativadas e que promovem esse ciclo da inflamação. Através desses mecanismos do licopeno é possível evitar ou reduzir o risco de doenças que estão associados a cascata inflamatória.
O licopeno possui substâncias que são antioxidantes e que desempenham funções importantes no nosso organismo como a função de auxiliar na neutralização da ação dos radicais livres. O licopeno apresenta em sua composição 89,45% de carbono, 10,51% de hidrogênio e 11 ligações conjugadas e 2 ligações duplas não conjugadas. Essa característica do licopeno promove a sua potencial ação antioxidante com capacidade 100 vezes mais eficaz que o α-tocoferol e mais que o dobro do β-caroteno. Essa percepção fez com que o licopeno seja cada vez mais estudado a sua ação antioxidante. Essa ação do licopeno promove efeito benéficos no câncer de próstata, mama e estomago através da inibição da proliferação de células cancerígenas e indução do apoptose.
A produção e formação de radicais livres resultam de processos de transferência de elétrons que ocorrem no metabolismo celular e pela exposição à diversos fatores como a alimentação, raios solares, respiração, poluição, hábito tabagista, atividades físicas intensas e outros. O desequilíbrio entre moléculas oxidantes e antioxidantes pode contribuir para a indução de danos celulares causados pelos radicais livres e tem sido conhecido como estresse oxidativo. Esses efeitos tóxicos dos radicais livres nas células também têm sido associados ao envelhecimento tanto da pele como em desenvolvimento de doenças crônicas inflamatórias e degenerativas. Nos alimentos são encontradas substâncias antioxidantes como o licopeno que possuem a capacidade de ativar enzimas com funções de eliminar os radicais livres evitando os danos que poderiam ser causados no organismo pelos radicais livres e prevenindo o envelhecimento precoce da pele.
O licopeno é um composto bioativo que tem sido relevante seu conhecimento para reduzir o risco de doenças crônicas não transmissíveis. Consumir alimentos fontes ou a utilização de manipulados após uma avaliação com um especialista tem sido uma ferramenta muito importante na busca da qualidade de vida e saúde.
Nutricionista Mestre em Ciências dos Alimentos pela Faculdade de Ciências. Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. No Laboratório de Dieta, Nutrição e Câncer.