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1 de dezembro de 2023

A dopamina é um neurotransmissor que atua, entre outros, no sistema de recompensa do cérebro. Ela é responsável por nos dar a motivação para irmos atrás de um objetivo, por exemplo, pois age impulsionando a sua realização. 

Também está relacionada a alguns tipos de movimentos finos. Os níveis baixos de dopamina e danos aos neurônios dopaminérgicos podem gerar os sintomas do parkinsonismo, que são os tremores quando o músculo está em repouso, e são notados principalmente nas mãos e na boca.

Níveis de dopamina altos estão relacionados aos sintomas psicóticos e ao abuso de drogas. Podem ocorrer alucinações e estado de grande euforia.

Neste artigo iremos explorar um pouco sobre seus mecanismos e fatores de desequilíbrio dopaminérgico.

O que é dopamina? Como e quando ela é produzida?

A dopamina é uma molécula que faz a comunicação entre um neurônio e o outro (neurotransmissor) quando liberada na fenda sináptica. 

É produzida por um tipo de neurônio (dopaminérgico) e utilizada em diversos “caminhos” de comunicação entre neurônios chamados de vias dopaminérgicas presentes em diferentes circuitos, como o cortical, nigro estriatal, mesolímbico, entre outros.

A via mesolímbica e as estruturas que ela contempla formam o sistema sistema recompensa, que inclui:

Córtex Pré frontal: Localizado atrás da testa, também é parte do sistema mesocortical e está ligado a vários circuitos cerebrais. Podemos dizer que ele é o responsável pela cognição e, a partir desses processos, as informações podem ter desdobramentos em diversas regiões do cérebro.

Em casos de estresse, por exemplo, se o ocorrido for interpretado como uma ameaça à homeostase, a informação passará para as regiões do sistema límbico (a amígdala) que é integrado ao endócrino.

Se ao se deparar com uma situação que, passada pela aprendizagem cortical de que aquilo em algum momento produziu um ganho prazeroso, a dopamina será liberada e ativada uma memória de recompensa que leva ao disparo de dopamina na próxima vez que acontecer o mesmo gatilho. 

Ao reforçar esse comportamento, a via que está ativada se solidifica e, dessa maneira, surge o vício que neste estágio não precisa mais do produto final para a liberação de dopamina, apenas o gatilho de início. Com o tempo, os neurônios se dessensibilizam e a necessidade é de cada vez doses mais altas de dopamina.

Esse sistema é ligado à sobrevivência primitiva na qual era necessário formar a memória motivacional.

Núcleo accumbens: É uma estrutura com funções complexas. Alguns autores o colocam entre os núcleos de base ligados ao movimento, porém, esse é um assunto em aberto e muito discutido. 

Como parte do corpo estriado e do circuito mesolímbico, ele faz a interface entre o sistema límbico e o motor. 

O corpo estriado atua no planejamento dos movimentos, aprendizado motor e velocidade de execução. Danos ao corpo estriado geram distúrbios do movimento como tremores. 

O sistema límbico está relacionado ao comportamento emocional, motivacional e de memória. Dessa forma se compõe o circuito mesolímbico, também conhecido como sistema recompensa.

Área tegmentar ventral: É composta por corpos neuronais é dela que partem as projeções dopaminérgicas para o núcleo accumbens.

Quais são as funções da dopamina no organismo?

Por ser um neurotransmissor, sua função é de comunicação entre um neurônio e o outro.

Os neurônios são as células presentes no cérebro e eles podem liberar neurotransmissores através de vesículas que se rompem na fenda sináptica, dessa forma é feita a ligação de comunicação entre um neurônio e o outro.

As vias dopaminérgicas estão ligadas ao movimento e ao sistema de recompensa.

Qual é a diferença entre dopamina e serotonina?

Ambos são neurotransmissores, porém a origem química é diferente e suas vias também são. As vias serotoninérgicas contemplam projeções do núcleo da rafe para o córtex, estão ligadas ao controle do humor, ansiedade e sono.

Veja mais: 5 hábitos para aumentar a endorfina e serotonina

O que a dopamina baixa pode causar?

A degeneração de neurônios dopaminérgicos da substância negra gera a diminuição de dopamina e causa doenças motoras como o Parkinson. 

Além disso, por atuar em funções como humor e atenção, a dopamina baixa pode estar relacionada à quadros de depressão e ao TDAH.

E a dopamina alta?

Por ser um neurotransmissor do sistema recompensa, a dopamina em doses altas e de fácil acesso, como as drogas de abuso, geram um reforço dessas vias. É dessa maneira que surge a dependência química, no qual o indivíduo já não é capaz de controlar a sua vontade, pois o cérebro tornou-se dependente da substância.

A dependência química é uma doença sem cura e, por ser progressiva, se não houver uma intervenção e tratamento, pode levar à morte. 

Nos dias atuais existem alguns tratamentos para a dependência química, estes incluem terapia medicamentosa para controlar a abstinência e a fissura, que ocorrem quando o cérebro está privado da substância. 

Entre os sintomas da abstinência estão:

  • Irritabilidade e confusão dos sistemas sensoriais;
  • Intestino preso;
  • Dor no corpo;
  • Instabilidade de humor.

O tratamento é demorado e complexo e a terapia cognitiva comportamental é uma grande aliada neste processo para que o dependente aprenda a criar novos hábitos.

Ela consiste, basicamente, em criar uma “dependência boa”, que substitui os maus hábitos por novos hábitos bons. Contudo, o processo é uma longa construção de adaptação e aprendizado, mas que proporciona novas perspectivas para uma vida saudável e funcional.

Existem também outros desdobramentos da dopamina alta, é o caso dos transtornos psicóticos como a esquizofrenia.

É comum dependentes químicos apresentarem doenças psicóticas, porém, essas também podem ocorrer por fatores genéticos e ambientais.

Leia também: Remédio para parar de beber e outras formas de lidar com o alcoolismo

É possível equilibrar os níveis de dopamina no corpo?

Existem medicamentos que controlam a dopamina. Em caso de baixo nível de dopamina, é utilizado o Levodopa para tratamento de Parkinson.

Para transtornos psicóticos, existem muitos tipos de medicamentos que regulam e diminuem a dopamina.

A linha entre esses circuitos é muito tênue e no uso de alguns medicamentos é relatado a diminuição a nível de parkinsonismo, pois, alguns antipsicóticos podem gerar os tremores como efeito adverso.

Dessa maneira, os tratamentos devem ser feitos com o acompanhamento de um psiquiatra.

Existe algum suplemento ou remédio para dopamina baixa?

Existem alguns medicamentos naturais que são utilizados para amenizar os sintomas do Parkinson. Seus efeitos ainda não são totalmente demonstrados pela ciência e muitos estão em fase de pesquisa.

Entre os fitoterápicos mais promissores para  tratar o Parkinson estão:

Estes tratamentos estão em fase de testes e não devem ser utilizados sem o acompanhamento de um médico que irá avaliar se haverá ganho entre o balanço de seus possíveis efeitos colaterais e benefícios.

É possível tomar dopamina manipulada?

Existem suplementos que visam promover a liberação natural de dopamina pelo organismo e que podem ser obtidos através de fórmulas manipuladas que contenham substâncias precursoras do neurotransmissor, como por exemplo a tirosina.

Eles funcionam como estimulantes, fornecem os principais componentes envolvidos na sua síntese, dessa forma a produção natural é otimizada. No entanto, vale lembrar que um profissional sempre deve ser consultado, pois a automedicação, especialmente com substâncias que afetam o funcionamento cerebral, pode ter consequências sérias para a saúde. 

Para saber mais sobre fórmulas manipuladas e ativos, consulte seu médico ou fale com a equipe de especialistas da Manipulae, uma plataforma parceira das farmácias Raia e Drogasil que produz medicamentos e suplementos personalizados com matérias-primas de origem certificada e em laboratórios certificados pela Anvisa. 

Fabíola Tavares Lemos
CRBM: 35430

Biomédica habilitada em Análises Clínicas, Pós Graduada em Auditoria dos Serviços da Saúde, mestranda no Programa Interdisciplinar em Ciências da Saúde da Unifesp. Atualmente trabalha nas pesquisas do BEST- Laboratório de Biologia do Estresse.

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