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1 de setembro de 2022

As dietas baseadas no DNA têm como objetivo individualizar o máximo possível a alimentação de uma pessoa, isso ocorre devido as análises genéticas que possibilita o profissional traçar estratégias nutricionais baseadas em seus genes. Após a conclusão do Projeto Genoma Humano (PGH), cujo objetivo foi sequenciar todo nosso material genético, muitos estudos têm sido realizados com a finalidade de elucidar as funções dos genes e suas interações com o meio ambiente. Os genes podem ser definidos como as unidades fundamentais da hereditariedade que contêm informações para a produção das diferentes proteínas necessárias ao funcionamento das células. Essas proteínas podem atuar como cofatores, enzimas, estruturais dentre outras funções. De acordo com os dados obtidos no PGH, estima-se que o genoma humano é composto por cerca de 30 mil genes, que são responsáveis por produzir mais de 100 mil proteínas diferentes. Esse projeto permitiu ainda identificar os polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs), principais formas de variação genética entre os indivíduos.

O que são os polimorfismos (SNPS)

Estes polimorfismos que representam as variações em nossos genes, podem implicar na produção de proteínas com funções alteradas, interferindo desse modo no balanço entre saúde e doença. Os polimorfismos podem influenciar na resposta individual à alimentação. Dependendo do conjunto de SNPS herdados algumas pessoas podem se tornar mais suscetíveis a certas doenças como, por exemplo, as do coração, câncer, diabetes, obesidade dentre outras.

Apesar dos seres humanos apresentarem características distintas quanto ao peso, altura, cor da pele e cabelo, ou seja, fenótipos bem variados, o seu DNA tem semelhança de 99,9%. Assim essa pequena variação de 0,1% na seqüência dos genes tem papel importante na diferenciação de uma pessoa para outra e na suscetibilidade a doenças. Neste contexto os nutrientes podem desencadear efeitos moleculares benéficos ou não, sendo estas ações dependentes da composição genética individual e de quais genes apresentam

sua atividade alterada. Após a compreensão de todo esse conhecimento genético fica mais fácil entender o porquê algumas pessoas respondem bem a alguma dieta e outra que seguiu a mesma dieta não apresenta os mesmos efeitos.

As dietas baseadas no DNA têm maior capacidade de acerto e esse fato se deve as análises individuais baseadas nos genes de cada pessoa.

O que as dietas baseadas no DNA permitem?

As dietas baseadas no DNA permitem o profissional elaborar o cardapio de seu cliente de maneira individualizada, através do conhecimento em suas reais necessidades com base em seus genes. Além de que esses testes permitem ao profissional verificar possíveis intolerâncias alimentares como intolerância a lactose, alergias alimentares, resposta a dieta, deficiências de vitaminas e suas necessidades de suplementação, sensibilidade ao glúten, cafeína e álcool dentre outros.

Fatores que interferem no DNA?

Alguns fatores como os ambientais, alimentação, estresse dentre outros também exercem influências na expressão dos genes. Considerando que os alimentos representam o fator ambiental ao qual estamos constantemente expostos, destaca-se que são os hábitos alimentares os principais responsáveis pela alteração na expressão dos genes.

Somente com teste genético é possível elaborar um plano alimentar?

Os testes genéticos é uma ferramenta a mais para o profissional, não deve considerar somente o teste genético como uma única ferramenta ou solução na elaboração de um plano alimentar. O profissional possui inúmeras ferramentas para essa estratégia como a anamnese alimentar, histórico familiar, hábitos alimentares, cultura, atividade física dentre outras ferramentas.

Dietas com objetivo preventivo

Ao realizar o teste genético e verificar uma variação no gene que está associado por exemplo ao diabetes, doenças cardíacas, câncer, depressão dentre outras doenças, é possível o profissional traçar estratégias alimentares que permite o retardo de algumas patologias. Essas estratégias preventivas que podem incluir diversas terapias por meio de intervenções que incluem uma equipe multidisciplinar como o educador físico, nutricionista, médico dentre outros que somará estratégias e objetivo para evitar o desenvolvimento dessas

patologias. É importante entender que mesmo essas estratégias sendo empregadas não é garantido que no futuro alguma patologia não possa surgir. É importante somar os esforços e realizar prevenção por meio das estratégias oferecidas atualmente.

Dicas para um estilo de vida saudável:

Tenha uma boa noite de sono

Ter qualidade no sono é fundamental para a recuperação e restabelecimento das energias para as atividades do dia seguinte. Com a vida agitada que temos atualmente nos predispõe a alguns hábitos que prejudicam a nossa qualidade de sono. Há necessidade de realizar algumas alterações como evitar assistir televisão próximo do horário de dormir, praticar atividade física regularmente e orientada por um profissional, o ambiente que você dorme deve ser calmo e aconchegante, procure criar uma rotina com horários para dormir. Essas mudanças irá proporcionar uma melhor qualidade de sono e consequentemente melhor disposição e qualidade de vida.

Importância do consumo do ômega 3

Os efeitos do ômega 3 tem sido amplamente estudado e demonstrado os seus benefícios na saúde e contribuição na melhora de diversas doenças como as cardíacas e o câncer e essa ação pode ser devido a sua ação anti-inflamatória. O ômega 3 possui o ácido eicosapentaenóico (EPA) e ácido docosahexanóico (DHA). O EPA, denominado ácido eicosapentaenoico, auxilia na produção de prostaglandinas, substância anti-inflamatória que faz parte das nossas defesas. O DHA está presente na parte estrutural e funcional da célula, e desempenha um papel importante na proteção do cérebro e dos olhos. Ele ainda possui ação antioxidante e favorece a conexão entre os neurônios do cérebro, o que auxilia na memória, atenção e no raciocínio. O cérebro é constituído de aproximadamente 40% de DHA e 60% de gordura e, devido a esse motivo o consumo deste ácido graxo está relacionado com a melhora da saúde da mente, auxiliando na capacidade de aprendizado, no humor e consequentemente na qualidade de vida.

Alimentos ricos em fibras e sua relação com a saúde

As fibras são as partes comestíveis de alimentos como vegetais, frutas, legumes, leguminosas que são resistentes ao processo de digestão, mas que servem de alimento para as bactérias intestinais. As fibras têm como função contribuir no controle do colesterol esse fato se deve a sua capacidade de se ligar as moléculas de gorduras no bolo fecal e serem eliminados evitando a sua absorção. No intestino a ingestão das fibras solúveis está relacionada a ativação de genes que contribuem para manutenção dos níveis de triglicerídeos, melhora dos quadros de esteatose hepática e redução de aterosclerose através da regulação da inflamação, e por reduzir os níveis de lipídios no sangue. As bactérias que habitam nosso intestino possuem a capacidade de fermentar as fibras vinda da alimentação e dessa forma produz alguns ácidos graxos de cadeia curta como o butirato, acetato e propionato que são rapidamente absorvidos no intestino e apresentam benefícios a saúde.

Dentre os benefícios associados aos ácidos graxos de cadeia curta estão a manutenção da integridade da parede intestinal deixando-a mais seletiva e evitando a permeabilidade de patógenos ou substâncias que não são adequadas ao organismo, regulam o sistema imune promovendo a inibição da produção de citocinas inflamatórias como TNF-α e IL-6 através da ativação de mecanismos de ação. Promovem também a estimulação de glutationa-S-trasferase uma importante enzima que atua na eliminação de substâncias consideradas toxicas ao organismo.

As dietas baseadas no DNA constituem uma importante ferramenta para os profissionais na elaboração de um plano alimentar personalizado. Através do conhecimento da ação dos alimentos no organismo como o ômega 3, fibras, cúrcuma dentre outros o profissional conseguirá elaborar o melhor plano alimentar considerando o conhecimento dos alimentos, estilo de vida e hábitos.

Roberta Saraiva Giroto Patrício
CRN: 21984

Nutricionista Mestre em Ciências dos Alimentos pela Faculdade de Ciências. Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. No Laboratório de Dieta, Nutrição e Câncer.

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