farmácia de manipulação
farmácia de manipulação
Tempo de leitura: 3 minutos
26 de julho de 2023

A compulsão alimentar é um transtorno emocional que afeta aproximadamente 5% dos brasileiros e que, muitas vezes, está associado à ansiedade e depressão. Trata-se de um tema delicado, já que os pacientes frequentemente sentem vergonha e evitam falar sobre o problema.

Apesar de ser uma doença comum no país e no mundo, deve ser encarada de forma séria, destacando a importância do tratamento adequado para evitar desdobramentos graves, promovendo assim, uma abordagem mais consciente e acolhedora para os afetados. 

Continue lendo e saiba mais sobre a compulsão alimentar.

O que é a compulsão alimentar e como ela pode ser identificada

A compulsão alimentar é um transtorno que pode estar ligado ao sistema de recompensa do cérebro. É através dele que ocorre a lembrança do prazer e a motivação que impulsiona o indivíduo a tomar uma atitude.

Quando pessoas com transtorno alimentar tem um evento gatilho, o sistema dispara e ela busca por comida.

Muitas vezes, situações como estresse ou derivados, como a depressão e a ansiedade causam sensação de mal estar. Para aliviar essa sensação a pessoa busca algo de prazer, neste caso, a comida.

Após o disparo de dopamina e a busca pela comida ser realizada, a sensação momentânea passa e o indivíduo fica com sentimento de culpa e arrependimento, o que piora o quadro depressivo.

Esse processo ocorre repetidamente, criando um hábito, e a compulsão ocorre quando a pessoa já não consegue mais controlar a quantidade de alimentos que ingere.

Quais são os sintomas de compulsão alimentar

Existem alguns sintomas que ajudam no momento do diagnóstico, porém é extremamente necessário consultar um médico psiquiatra e um psicólogo para que ocorra uma análise adequada e o diagnóstico correto.

Dentre os sintomas da compulsão, podemos citar:

  • Comer sem sentir fome;
  • Buscar, principalmente, alimentos super palatáveis;
  • Alimentar-se o tempo todo, estar sempre mastigando;
  • Parar de comer apenas quando sente ânsia ou não aguenta mais;
  • Sentir culpa por ter esse comportamento;
  • Sentir vergonha de se alimentar quando está perto de alguém.

Ansiedade e compulsão alimentar: qual a ligação?

A ansiedade pode ser um fator ligado à compulsão alimentar. Por não saber como resolver um problema ou situação, a pessoa enxerga a comida como uma válvula de escape e recorre à ela para obter um alívio temporário.

Além disso, existe uma conexão entre a deficiência de certos nutrientes e vitaminas essenciais com os níveis de ansiedade - a carência de vitaminas do complexo B, magnésio e ômega-3, por exemplo, pode contribuir para o agravamento dos sintomas ansiosos.  

Geralmente, os pacientes com transtornos alimentares também têm problemas de ansiedade, e a soma dos dois causa grandes prejuízos, com tendência a se tornar cada vez pior se não forem tratados.

Principais riscos associados à compulsão alimentar

Existem riscos gravíssimos associados à compulsão alimentar, entre eles riscos físicos e psicológicos.

Riscos Físicos

Obesidade: A obesidade gera inúmeros desdobramentos deletérios a saúde como doenças do metabolismo: dislipidemias, hipertensão e diabetes. O indivíduo terá maiores chances de doenças cardiovasculares, por exemplo.

Mobilidade reduzida: Associada à obesidade, a mobilidade reduzida traz problemas de circulação, falta de oxigenação e piora muito o quadro de saúde.

Imunidade baixa: A falta de ingestão de alimentos saudáveis pode diminuir a imunidade, tornando a mais vulnerável a infecções por vírus e bactérias.

Queda de cabelo: Da mesma maneira que a imunidade pode ficar baixa, ocorre a queda de cabelo por falta de vitaminas e pelo estresse gerado dentro do processo compulsório.

Riscos Psicológicos

Agravamento do quadro depressivo: Com o tempo, ao ganhar peso e se sentir culpado, o paciente tem tendência a sofrer com uma piora no quadro depressivo. Com a sensação de culpa, o indivíduo pode criar inúmeras maneiras de se punir de alguma forma ou desenvolver outros transtornos comportamentais. 

Conflitos familiares: A falta de esclarecimento sobre o assunto e a dificuldade para intervir em situações de compulsão pode acabar afetando a saúde e o bem-estar de toda a família, que costuma se sentir de mãos atadas, especialmente quando o paciente parece não querer ser ajudado.

Progressividade da doença: A compulsão não tratada piora de maneira progressiva, podendo, inclusive, levar à morte em casos muito extremos que fogem totalmente do controle do paciente.

Como tratar a compulsão alimentar 

O principal tratamento para compulsão alimentar é a psicoterapia cognitiva comportamental. Além de tratar a maneira como o indivíduo lida com suas frustrações e estresse, ela modula o comportamento e cria novos padrões comportamentais. 

Com novos hábitos mais saudáveis, a pessoa vai, aos poucos, criando novas ligações sinápticas e plasticidade neuronal. 

Mas vale lembrar que o tratamento deve ser acompanhado, além do psicólogo, com o psiquiatra que irá avaliar o uso de medicamentos, como o topiramato, por exemplo, que pode auxiliar nesse processo.

Existem muitas abordagens que podem ser feitas de acordo com a necessidade de cada paciente. Em caso de necessidade de medicação, os manipulados costumam ser uma ótima opção porque são totalmente personalizados para o paciente.

Feitos em farmácias de manipulação, esses medicamentos, que também podem ser chamados de “fórmulas”, são desenvolvidos a partir de prescrição médica e podem ser manipulados em diversos formatos como pó solúvel, balas e até mesmo bombons, o que auxilia na adesão dos pacientes ao tratamento.

Com o tratamento certo, é possível vencer a compulsão e voltar a ter uma vida saudável. Por isso, se você sofre com esse transtorno, não tenha vergonha e busque ajuda médica. Sua saúde é sua prioridade.

Fabíola Tavares Lemos
CRBM: 35430

Biomédica habilitada em Análises Clínicas, Pós Graduada em Auditoria dos Serviços da Saúde, mestranda no Programa Interdisciplinar em Ciências da Saúde da Unifesp. Atualmente trabalha nas pesquisas do BEST- Laboratório de Biologia do Estresse.

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