A compulsão alimentar é um transtorno emocional que afeta aproximadamente 5% dos brasileiros e que, muitas vezes, está associado à ansiedade e depressão. Trata-se de um tema delicado, já que os pacientes frequentemente sentem vergonha e evitam falar sobre o problema.
Apesar de ser uma doença comum no país e no mundo, deve ser encarada de forma séria, destacando a importância do tratamento adequado para evitar desdobramentos graves, promovendo assim, uma abordagem mais consciente e acolhedora para os afetados.
Continue lendo e saiba mais sobre a compulsão alimentar.
A compulsão alimentar é um transtorno que pode estar ligado ao sistema de recompensa do cérebro. É através dele que ocorre a lembrança do prazer e a motivação que impulsiona o indivíduo a tomar uma atitude.
Quando pessoas com transtorno alimentar tem um evento gatilho, o sistema dispara e ela busca por comida.
Muitas vezes, situações como estresse ou derivados, como a depressão e a ansiedade causam sensação de mal estar. Para aliviar essa sensação a pessoa busca algo de prazer, neste caso, a comida.
Após o disparo de dopamina e a busca pela comida ser realizada, a sensação momentânea passa e o indivíduo fica com sentimento de culpa e arrependimento, o que piora o quadro depressivo.
Esse processo ocorre repetidamente, criando um hábito, e a compulsão ocorre quando a pessoa já não consegue mais controlar a quantidade de alimentos que ingere.
Existem alguns sintomas que ajudam no momento do diagnóstico, porém é extremamente necessário consultar um médico psiquiatra e um psicólogo para que ocorra uma análise adequada e o diagnóstico correto.
Dentre os sintomas da compulsão, podemos citar:
A ansiedade pode ser um fator ligado à compulsão alimentar. Por não saber como resolver um problema ou situação, a pessoa enxerga a comida como uma válvula de escape e recorre à ela para obter um alívio temporário.
Além disso, existe uma conexão entre a deficiência de certos nutrientes e vitaminas essenciais com os níveis de ansiedade - a carência de vitaminas do complexo B, magnésio e ômega-3, por exemplo, pode contribuir para o agravamento dos sintomas ansiosos.
Geralmente, os pacientes com transtornos alimentares também têm problemas de ansiedade, e a soma dos dois causa grandes prejuízos, com tendência a se tornar cada vez pior se não forem tratados.
Existem riscos gravíssimos associados à compulsão alimentar, entre eles riscos físicos e psicológicos.
Obesidade: A obesidade gera inúmeros desdobramentos deletérios a saúde como doenças do metabolismo: dislipidemias, hipertensão e diabetes. O indivíduo terá maiores chances de doenças cardiovasculares, por exemplo.
Mobilidade reduzida: Associada à obesidade, a mobilidade reduzida traz problemas de circulação, falta de oxigenação e piora muito o quadro de saúde.
Imunidade baixa: A falta de ingestão de alimentos saudáveis pode diminuir a imunidade, tornando a mais vulnerável a infecções por vírus e bactérias.
Queda de cabelo: Da mesma maneira que a imunidade pode ficar baixa, ocorre a queda de cabelo por falta de vitaminas e pelo estresse gerado dentro do processo compulsório.
Agravamento do quadro depressivo: Com o tempo, ao ganhar peso e se sentir culpado, o paciente tem tendência a sofrer com uma piora no quadro depressivo. Com a sensação de culpa, o indivíduo pode criar inúmeras maneiras de se punir de alguma forma ou desenvolver outros transtornos comportamentais.
Conflitos familiares: A falta de esclarecimento sobre o assunto e a dificuldade para intervir em situações de compulsão pode acabar afetando a saúde e o bem-estar de toda a família, que costuma se sentir de mãos atadas, especialmente quando o paciente parece não querer ser ajudado.
Progressividade da doença: A compulsão não tratada piora de maneira progressiva, podendo, inclusive, levar à morte em casos muito extremos que fogem totalmente do controle do paciente.
O principal tratamento para compulsão alimentar é a psicoterapia cognitiva comportamental. Além de tratar a maneira como o indivíduo lida com suas frustrações e estresse, ela modula o comportamento e cria novos padrões comportamentais.
Com novos hábitos mais saudáveis, a pessoa vai, aos poucos, criando novas ligações sinápticas e plasticidade neuronal.
Mas vale lembrar que o tratamento deve ser acompanhado, além do psicólogo, com o psiquiatra que irá avaliar o uso de medicamentos, como o topiramato, por exemplo, que pode auxiliar nesse processo.
Existem muitas abordagens que podem ser feitas de acordo com a necessidade de cada paciente. Em caso de necessidade de medicação, os manipulados costumam ser uma ótima opção porque são totalmente personalizados para o paciente.
Feitos em farmácias de manipulação, esses medicamentos, que também podem ser chamados de “fórmulas”, são desenvolvidos a partir de prescrição médica e podem ser manipulados em diversos formatos como pó solúvel, balas e até mesmo bombons, o que auxilia na adesão dos pacientes ao tratamento.
Com o tratamento certo, é possível vencer a compulsão e voltar a ter uma vida saudável. Por isso, se você sofre com esse transtorno, não tenha vergonha e busque ajuda médica. Sua saúde é sua prioridade.
Biomédica habilitada em Análises Clínicas, Pós Graduada em Auditoria dos Serviços da Saúde, mestranda no Programa Interdisciplinar em Ciências da Saúde da Unifesp. Atualmente trabalha nas pesquisas do BEST- Laboratório de Biologia do Estresse.