A imunidade é uma rede que trabalha em conjunto para proteger o organismo e evitar o desenvolvimento de patologias. A alimentação adequada contendo compostos bioativos é uma das alternativas para auxiliar a nossa imunidade. Além da alimentação alguns fatores como práticas de atividade física de forma regular, saber gerenciar as emoções, ter boas relações sociais dentre outros são combinações que auxiliam em uma imunidade mais adequada e eficaz. Diversos são os mecanismos e estratégias desenvolvidas para potencializar o sistema imune ao longo da vida. A microbiota intestinal por exemplo representa um fator importante para o sistema imune. Durante o parto os bebês se beneficiam e recebem parte da microbiota vaginal e intestinal materna e depois entra em contato com a pele e amamentação que também são fontes de probióticos. Esses probióticos presentes no leite materno irão fazer parte da microbiota intestinal do bebê. A colonização dessas bactérias irá realizar um papel importante contra microrganismos patogênicos. Essa colonização de bactérias benéficas no intestino está associada a diversas atuação no organismo que precisa ser mantida através de alimentação adequada e estilo de vida saudável de forma contínua.
Os alimentos funcionais que contribuem para um sistema imune mais saudável são: probióticos, vitaminas como C, D, E, A, prebióticos (fibras), fitoquímicos presentes nos alimentos dentre outros.
As catequinas presentes no chá verde, cacau, cranberries e amora possui efeito imunomodulador regulando a proliferação de células imunes. As antocianinas presentes em vegetais folhosos de cor vermelha a roxa, uvas dentre outros possui efeito antimicrobiano, regulação da sinaliza de citocinas inflamatórias e integridade da barreira intestinal. A quercetina presente na cebola, maçã, brócolis, vinho dentre outros atua suprimindo a produção de interleucina-6 e 8, estimula a fagocitose de macrófagos sendo protetor para o organismo.
A vitamina C está presente em uma variedade de alimentos como a acerola, laranja, limão, Kiwi dentre outros inúmeros alimentos é considerado um nutriente essencial. A vitamina C atua como um poderoso antioxidante capaz de neutralizar a ação dos radicais livres, evitando os danos nas células além de outras funções importantes como a contribuição para o sistema imune prevenindo gripes e resfriados além de auxiliar na absorção de ferro e na cicatrização. A vitamina E é outro antioxidante importante porque contribui na eliminação de substâncias indesejáveis ao organismo como os radicais livres. O sistema imune fica mais fortalecido com a presença dessa vitamina para o combate a agressores ao sistema imune como certos vírus e bactérias. A vitamina A participa de processos de renovação celular, além de ser um poderoso antioxidante. A deficiência dessa vitamina pode implicar em redução da atividade de células que ativam os anticorpos e que lutam contra os vírus e bactérias. A vitamina A pode ser encontrada em alimentos como fígado, gema de ovo, leite, óleos de fígado de peixe, vegetais de cores alaranjadas e verdes escuras.
A deficiência de vitamina D está relacionada a uma série de problemas como má absorção de cálcio, fraqueza muscular, doenças autoimunes como esclerose múltipla, doença inflamatória intestinal e artrite reumatoide. Além de que a sua deficiência pode causar sintomas como, fadiga, cansaço, dores nos ossos e costas, dificuldade de cicatrização e infecções frequentes. Observamos que para uma boa manutenção do sistema imune é necessário uma boa alimentação de maneira continua.
No sistema imunológico o zinco possui a função de regular a diferenciação e proliferação de células inflamatórias como as células T, vias de sinalização NFkB. O NFkB é uma família de fatores de transcrição que regula a expressão dos genes no organismo. A desregulação desse sistema contribui para o risco de desenvolvimento de doenças inflamatórias que impactam no sistema imunológico. A redução de zinco foi observada em muitas doenças inflamatórias como alergias, asmas, dermatites, doenças inflamatórias intestinais, câncer de pulmão, renite crônica e outros. Isso deve ocorrer porque a sua deficiência está relacionada a ativação de vias associadas a inflamação.
Os componentes da própolis possuem atividades na imunoregulação de citocinas pró-inflamatórias. Essa imunorregulação controla as tempestades de citocinas auxiliando no sistema imune. A própolis pode ser considerada um excelente anti-inflamatório, antifúngico e antiviral e pode ser utilizada para tratar, evitar e prevenir infecções respiratórias como bronquite, resfrіаdos, infecções urіnárіаs, intestinais e melhora do sistema imunológico. No sistema imunológico a própolis tem ação nos macrófagos promovendo a sua ativação, aumentando sua capacidade microbicida e estimula a maior produção de anticorpos.
O ômega 3 é conhecido por evitar a cascata inflamatória, os seus mecanismos de ação estão associados a efeitos protetores que poderiam estar ligados a uma baixa da produção de moléculas inflamatórias que alteram o sistema imunitário e favorecem o desenvolvimento de doenças.
A glutamina em situações especificas parece ser importante e sua ação está relacionada a promoção da integridade da barreira intestinal, fornece energia para células de defesa como os linfócitos e os macrófagos, tem papel fundamental na proliferação de células intestinais, suporte ao sistema imunológico, aumento da produção de glicogênio e efeitos anticatólicos. A glutamina atua como fonte de energia e alimento para as células do intestino, quando o corpo se encontra em situações de estresse como no caso de patologias e onde pode ocorrer na perda de massa muscular devido a inflamação, redução da atividade física provocada pela situação de patologias. É muito importante que haja quantidades suficientes de glutamina para atuar no sistema imune para que não ocorra prejuízos a saúde como translocação de bactérias patogênicas do intestino para corrente sanguínea. A mucosa intestinal é composta por estratégias, como as barreiras para proteger o organismo de possíveis infecções, dentre as barreiras pode-se destacar as barreiras mecânicas, químicas, biológicas e imunológicas. Essas barreiras evitam a entrada de antígenos externos, e desempenham um papel importante na prevenção da translocação de bactérias intestinais evitando as possíveis sepses
A glutamina desempenha um papel fundamental também no turnover de proteínas musculares, e nas modulações das vias de sinalização celular,
principalmente aquelas relacionadas à expressão de genes envolvidos na regulação de respostas inflamatórias e imunológicas. A glutamina também possui a capacidade de auxiliar na formação de outros aminoácidos, atuando na síntese de proteínas que exercem uma série de funções no organismo como por exemplo de enzimas que auxiliam na síntese e eliminação de substâncias tóxicas no organismo.
As fibras presentes nos alimentos são resistentes a digestão, mas servem de alimento para as bactérias intestinais que a fermentam e produzem alguns ácidos graxos que são benéficos ao organismo como o butirato, propionato e ácidos graxos de cadeia curta que nutrem as células do intestino deixando o intestino menos permeável a patógenos como certos vírus e bactérias. Quando há um desequilíbrio nesse sistema o intestino perde a capacidade de seleção e ocorre desequilíbrios na barreira intestinal o que permite a permeabilidade de bactérias que podem impactar negativamente em nossa saúde. Devido a esse motivo o consumo regular de fibras na rotina alimentar é tão importante.
--Ter um estilo de vida saudável
-Praticar atividade física regular
-Saber gerenciar as emoções
-Reduzir o consumo de produtos processados e ultraprocessados
-Consumir alimentos ricos em vitaminas, minerais e fibras
-Sono adequado
-Alimentação desequilibrada
-Fatores genéticos
-Sono alterado
-Falta de regularidade com a atividade física
Quais os sintomas mais comuns de que a imunidade está baixa
-Resfriados frequentes
-Fadiga e cansaço
-Presença de alterações intestinais
A alimentação equilibrada contendo os compostos bioativos dos alimentos desempenham funções primordiais no sistema imune.
Nutricionista Mestre em Ciências dos Alimentos pela Faculdade de Ciências. Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. No Laboratório de Dieta, Nutrição e Câncer.