No livro “A Dieta da Mente”, o doutor David Perlmutter aborda a influência dos carboidratos, sobretudo do açúcar refinado e outros alimentos processados, na saúde cerebral. Segundo o médico, o que determina o destino do seu cérebro não é a genética, mas sim o que você come.
Estudos recentes mostram que alimentos doces, que são ricos em açúcar, são capazes de provocar no nosso cérebro os mesmos efeitos que a cocaína, o que significa que o excesso de doce pode provocar dependência e, consequentemente, sua falta pode causar abstinência.
Dessa maneira, é preciso que fiquemos atentos aos excessos e aprender a controlar a compulsão por doce porque isso pode impactar na nossa saúde e longevidade. Neste conteúdo, explicamos para você o que pode estar por trás da vontade de comer doces compulsiva, principais riscos e, claro, estratégias para lidar com esse “vício”.
Segundo a Associação Brasileira de Nutrição, a compulsão por doces é um transtorno no qual o indivíduo sente um desejo incontrolável - uma espécie de fissura - por alimentos ricos em açúcar.
Quando consumimos algum doce, há uma liberação excessiva de dopamina, que é um neurotransmissor que provoca a sensação de prazer. Isso faz com que nosso corpo fique viciado nesse tipo de sensação, sempre querendo mais, gerando o comportamento compulsivo.
Pessoas sedentárias, obesas, depressivas, ansiosas, excessivamente estressadas e mulheres são mais suscetíveis a desenvolver esse tipo de transtorno.
Leia também: O que o caracteriza o sedentarismo e como revertê-lo
O consumo excessivo de alimentos doces traz uma série de malefícios para a saúde, aumentando o risco de que o paciente sofra com algumas das doenças que mais matam pessoas no Brasil, além de diminuir sua disposição, aumentar a inflamação do seu corpo e impactar sua saúde e bem-estar como um todo.
Alguns dos problemas que o excesso de doce pode provocar são:
O consumo em excesso de alimentos doces aumenta as concentrações de glicose no sangue. A insulina é o hormônio responsável por diminuir as concentrações sanguíneas de glicose, mas, quando os níveis de glicose estão muito altos, a produção de insulina passa a ser insuficiente.
Além disso, as células vão se tornando resistentes aos efeitos da insulina, aumentando as chances do desenvolvimento de diabetes.
O consumo excessivo de açúcar, a longo prazo, leva ao sobrepeso, aumentando também as chances de haver uma elevação da pressão arterial com o passar do tempo.
Alimentos doces são altamente calóricos e estimulam a produção de adipócitos, que são células de gordura, fazendo com que o consumo excessivo de doces seja um fator de risco para a obesidade.
Além disso, como é um alimento que provoca dependência, quanto mais açúcar se come, mais se quer comer, o que aumenta ainda mais o sobrepeso.
Leia também: Obesidade infantil: riscos para a saúde, causas e tratamentos
O consumo em excesso de açúcar inibe a ação do óxido nítrico, que promove a dilatação dos vasos sanguíneos. Essa inibição pode causar vasoconstrição, elevando a pressão arterial.
Somado a isso, o consumo de doces aumenta a inflamação corporal, criando placas nos vasos sanguíneos, que podem colaborar para o surgimento de aterosclerose, AVC e infarto.
O consumo em excesso de alimento doce diminui o pH da boca, tornando o ambiente mais ácido. Isso faz com que haja perda mineral e os dentes estejam mais suscetíveis às cáries, que são lesões nos dentes causadas pelas bactérias.
É comum que pessoas que se deparam com problemas de compulsão queiram saber como parar de comer doces, entretanto, cortar de forma radical o doce da sua vida não é a alternativa mais inteligente.
Na maioria das vezes, atitudes tão restritivas podem não funcionar no longo prazo e fazer com que o indivíduo fique ainda mais compulsivo. O ideal é que você procure o acompanhamento de um nutricionista para que ele monte uma dieta nutritiva, funcional e que você consiga manter a longo prazo.
Além disso, existem outras práticas que podem auxiliar nesse processo, como:
A compulsão alimentar é um transtorno que envolve diversos gatilhos psicológicos. Por isso, o acompanhamento de um profissional de saúde mental é fundamental para entender as dinâmicas do problema e aumentar as chances de sucesso para lidar com a vontade de comer doces.
A prática de esportes ajuda no tratamento da compulsão por doces, uma vez que desperta no corpo novas fontes de prazer porque libera hormônios que promovem a sensação de bem estar. Além disso, a prática de esportes nos ajuda a ficar menos ansiosos e mais disciplinados, fatores que auxiliam a lidar com a compulsão por doces.
Uma dieta balanceada ajuda a manter a saciedade, nutre o corpo, melhora a disposição e a saúde. Esse bem-estar proporcionado pela boa alimentação, a longo prazo, diminui a vontade descontrolada por doces.
O uso de manipulados é uma alternativa muito eficiente e inteligente para lidar com a vontade descontrolada de comer doces. Para isso, o paciente precisa tomar o primeiro passo de agendar uma consulta com o seu médico e entender quais ativos podem ser prescritos para o seu caso.
Um dos ativos que inibem a compulsão, por exemplo, é o picolinato de cromo, que além de ajudar a controlar as concentrações de glicose no sangue, diminui a vontade excessiva de comer doces.
Esse ativo pode ser combinado a outros diversos indicados pelo especialista e o melhor de tudo é que esses remédios podem ser manipulados em forma de doces, como gomas de mascar, pirulitos e até mesmo bombons, o que é ótimo para “enganar” o cérebro do paciente.
Veja também quais são os ativos manipulados para emagrecer
Ao incluir os manipulados no seu tratamento, você garante muito mais eficiência na batalha contra a compulsão porque estará oferecendo ao seu corpo um tipo de remédio totalmente personalizado para a sua necessidade, para o seu corpo e para as suas vontades.
Por isso, vale reforçar que a compulsão por doces tem tratamento e esse tratamento envolve várias frentes. Se você sente que tem vontade de comer doces além do normal, não deixe de procurar ajuda. Agende uma consulta com o seu médico e cuide do seu bem-estar!
Biomédica pela Universidade Estadual de Santa Cruz. Atuou, por dois anos, como analista clínica em laboratório de análises clínicas. Atualmente é agente de perícia criminal na Polícia Civil de Pernambuco: foi lotada por quatro anos no Instituto de Genética Forense e hoje trabalha no Instituto de Criminalística de Petrolina.